Retalhos de uma Manta Inacabada

Sou uma manta, cuidadosamente, tecida com os mais puros retalhos de seda selvagem e burel, cujas cores o tempo se encarregou de avivar ou desmaiar. Nela vão resistindo pequenos retalhos do bibe de xadrez com que brincava no jardim encantado do sonho. Num dos lados, repousam enormes retalhos de todos aqueles que já partiram, mas que conservarei para sempre no meu coração. No outro lado, estão todos aqueles que ainda posso tocar e amar.

Nome:
Localização: Aveiro, Portugal

Eternamente crisálida...

domingo, outubro 07, 2007

É a hora!



“É a Hora!”. Foi desta forma que Fernando Pessoa terminou a sua obra Mensagem, hino de revolta e esperança num Portugal melhor.

Para tudo na vida existe um fim…muitas vezes é um fim que se antepõe a outros e, tal como Pessoa, também acredito ser a hora de interromper e não terminar este meu hino de revolta e esperança numa mediania dourada, que acredito existir algures por entre o firmamento que nos cobre, a cada segundo das nossas vidas.

Num dos primeiros textos desta minha Manta de Retalhos, contei-vos que no meu jardim havia rosas… mas também muitos cactos espinhosos que feriam a minha pele ainda tenra e viçosa do orvalho que tombava nesse meu jardim encantado. Por vezes, tenho dificuldade em afastar essas rosas que, teimosamente, se debruçam por entre esses cactos espinhosos e agrestes tão belos e sedutores como cogumelos venenosos num qualquer jardim de encantos.

Nesta pequena Manta de Retalhos fui cerzindo, fibra a fibra, pétalas de rosa que fui cuidando para todos aqueles que amava. Uni-as uma a uma, reguei-as, adubei-as e fui aspergindo os tenros rebentos que delas brotavam e que o Sol benfazejo e castigador foi mirrando, uma a uma, até que tombassem no chão, crestado pelos rigores estivais, que o vento forte ía soprando para além dos meus olhos mas, jamais, do meu coração.

Cada um destes retalhos permanecerá, aqui, como um tributo a cada uma das pessoas a quem era dirigido. De entre essas pessoas, duas permanecerão para a eternidade pois são fibras da minha carne, gotas do meu sangue que repousam nesse além tão negro como a noite que tomba, por vezes, neste meu jardim encantado.

Para os amigos e desconhecidos, que me visitaram e deixaram as suas palavras doces e reconfortantes, deixo pequenas pétalas do rosmaninho selvagem e aromático com que adorno o espaço onde recebo as visitas.

No estéril terreno que, teimosamente, quis ajardinar, nascerão novos retalhos… só meus, até que ousadia de os publicar se sobreponha à vontade de os guardar num recanto…que só eu sei amar.

Até logo…!

Maria Rosmaninho

quarta-feira, setembro 12, 2007

Noite...


Sonhei que um dia o sol raiava… era uma noite negra de Inverno, igual a tantas outras.

Abri as janelas do meu peito e olhei o mundo lá fora.

Por entre as sombras dos tempos de outrora, sempre colados a mim, mirei…

Teias de aranha turvavam-me a visão… eram amarras que me prendiam nesse sonho solar.

Contemplei os lagos da ilusão, brilhantes nessa noite solar… eram espelhos turvados pela sombra do meu olhar

Olhei mais além… aves esvoaçavam num voo breve e sempre igual… eram sonhos cerceados pelo cansaço de esperar.

Amordacei esse olhar!

E, na escuridão do Inverno da minha alma, pus-me a pensar…

Era mais uma noite sem luar!

Maria Rosmaninho

domingo, agosto 26, 2007

Time after time...


Time after time…

Looking around the shining face of the black side of the moon...

Skipping amidst the colours of the rainbow...

I feel the roughness of my thoughts while the time...

... goes by!

Maria Rosmaninho



segunda-feira, agosto 06, 2007

Chegaste...


Chegaste e eu não te vi!

Trazias nos pés almofadados a ilusão de uma noite de luar.

Nos braços…o aconchego estranho de um mistério secular… onde te escondias.

Deste-me a mão e trilhámos prados envolventes do calor da noite silenciosa e…negra como breu.

Era longa a jornada e, na luz das estrelas, fomos bebendo o néctar que alimentava e dourava os nossos sorrisos.

Pouco a pouco, os teus dedos deslaçados, deixaram-me perder nos meus pensamentos de mágoa…sempre iguais.

Já não sinto o teu calor…enredo-me nesta noite ainda mais opaca do mistério e sinto que é a hora de partir.

Parti… e não me viste!

Maria Rosmaninho

sexta-feira, julho 27, 2007

Escrevo...


Escrevo quando o sol se esconde por trás dos outeiros e a lua espalha sobre mim os seus raios de prata.

Sento-me no patamar do meu sonho e, pouco a pouco, vou desfiando o novelo das palavras que se enrola no meu colo.

Com os fios de seda, teço nuvens algodoadas que pairam sobre os castelos tecidos numa trama de juta… enrijecida pelo tempo.

Com estes fios de lã, teço ninhos de ternura que vou aquecendo com o calor que brota da minha alma sedenta de luar.

E, na trama de linho urdida no meu peito, enrolo os fiapos dourados de uma vida a partilhar!

Maria Rosmaninho

segunda-feira, julho 16, 2007

Rodopiando ao Sol.




Na noite carregada de mistérios, penso em Ti!

Por entre os vultos que deslizam no meu horizonte de trevas iluminadas por um qualquer planeta, busco a tua verdade…

Os raios fugidios da Lua trazem até mim o eco surdo do teu mistério... largamente ampliado por entre os dias sempre iguais,

Na ânsia louca de te tocar, estendo os dedos que a neblina da noite entorpece.

Agora, os raios lunares cobertos do teu mistério começam a desnudar-me e esta sensação estranha de me sentir tão óbvia, incomoda-me.

Rasgo a escuridão e enrolo-me nas teias de um mistério infindável.

A mulher que sou existe para além de todas as sendas que usaste para me desnudar.

E, no mistério da noite não partilhado, volto a revestir a minha alma com as pétalas que me hão-de vestir e fazer rodopiar à volta do Sol...

E, na claridade deste dia ofuscante de luz, voltarei a ser quem era!


Maria Rosmaninho

sábado, junho 16, 2007

Porque há silêncios…




Há silêncios que nos ferem… como se tivessem garras.
Silêncios impregnados num som que já não se escuta.
De uma presença que já não se sente.
Silêncios rodeados de interrogações…mudas!
Há silêncios tão espessos como breu.
Silêncios mudos em noites pintadas com cores de ilusão.

Mas no meio do silêncio, um coro de imagens se levanta…
Apreensivo…criativo… interrogativo…silencioso…
Porque há silêncios… que permanecem!

Maria Rosmaninho

sexta-feira, maio 25, 2007

Na Luz do teu Mistério

A noite cai e no silêncio de prata volta a ecoar a voz do teu mistério.

Percorro a escuridão estelar onde te escondes por entre a rigidez anónima de um qualquer astro…

Marte… Júpiter…Saturno…e é à distância de Plutão que te encontro, aninhado nos espartilhos do teu segredo.

A noite chega…na tranquilidade da tua voz, irrompes na pele do teu mistério…fortalecido pelas grilhetas do mesmo tempo.

Os raios prateados da lua banham-me de luz, na curiosidade desta tua noite ainda mais misteriosa…

Pressinto-te por entre as sombras que se vestem de luares e rendilhados de estrelas que a curiosidade do meu sorriso quase alcança.

Sonho-te em cores que não consigo definir… derramadas no papel desta aguarela anónima.

Esta noite perguntei…

Reconheces-me de outras vidas?

Maria Rosmaninho


domingo, maio 06, 2007

Lágrimas de saudade



Lágrimas de saudade, tingidas de recordação, tombam no meu peito cioso do teu abraço…

Raios de uma luz, filtrada pelo teu amor, incendeiam os recônditos mais escuros da minha dor…

Por entre as pétalas, matizadas com as cores do teu sorriso, escondem-se os mimos que me davas…

E no verde das minhas ramas, eternamente iluminadas, esconde-se o desejo surdo de te tocar…

MÃE!

Maria Rosmaninho

quarta-feira, abril 25, 2007

Para que Abril permaneça...






domingo, abril 15, 2007

Esta Noite!














Esta é a noite de todos os mistérios!
Segredos embrulhados no meu sonho.
Pensamentos vagos de mares de ternura,
Onde o meu cheiro a maresia se confunde…
Com o teu!

As gotas salgadas, que por mim deslizam,
Têm o sabor apimentado dos teus lábios
Quando a minha língua neles passeia,
Nesta dança de desejo e sussurros…
Inesquecíveis!

A brisa quente que toca a minha pele
É o toque escaldante dos teus dedos,
Nesse êxtase aferventado de desejo
Mergulhado nesta dança sensual…
Só nossa!

Deslizo a minha língua no teu corpo…
Sabes-me ao fruto agridoce da paixão.
Trémulos, na ternura suave dos suspiros,
Vibram os meus seios aninhados na loucura…
Da tua mão!

Quero dançar, loucamente, para ti.
Plasmar a minha pele no calor do teu abraço
E acolher-te na seda húmida do meu ninho
Num brinde à loucura dos desejos…
Partilhados!

Maria Rosmaninho

segunda-feira, março 05, 2007

Se eu fosse...




Se eu fosse o Sol... tu serias o mar que me espelhava.
Se eu fosse a Lua... tu serias a noite que me abrigava.
Se eu fosse aragem... tu serias as pétalas que tocava.
Se eu fosse o mar...tu serias a areia que abraçava.

Mas eu sou um cavalo galopando por esses prados floridos.
Pétala de rosa esvoaçante num ar perfumado de saudade.
Concha do mar espiralada em miríades de castelos de areia.

Arco-íris de mil cores colorindo a luz do teu sorriso.
Abelha esvoaçante buscando o mel da tua boca.

Sou!
Gota de água plasmada no brilho do teu olhar...
...esvoaçante no tempo.

Maria Rosmaninho
Barbra Streisand & Don Johnson – Till I Loved You

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Saudade



No recanto deste meu lago de pensamentos estagnados, ergue-se no ar o vento cálido de uma tarde escurecida.

Por entre a calma dos ramos destas árvores seculares, rompem raios de um sol poente que, pouco a pouco, adormece nos meus braços... estendidos ao acaso.

O canto suave, de uma ave além pousada, sobe no ar e decompõe-se em mil notas soltas que penetram os meus sentidos quase entorpecidos.

Suavemente... uma folha de Outono desliza pelo meu rosto e toca poro a poro a minha pele ainda tépida dos beijos que a aqueceram.

Fios de recordações caem no meu colo, como penas de aves esvoaçantes no ar que é seu.

E destas águas, brilhantes do sorriso dos teu olhos, ergue-se a Fénix... renascida por entre as cinzas da Saudade.

Maria Rosmaninho

sábado, janeiro 20, 2007

Ilha Encantada...



O meu coração é uma ilha enfeitada com ramos de hera entrelaçados nessa teia verde de esperança... dourada pelos anos...

Um rio de águas cristalinas corre, ondulando suavemente nestes recantos lindos... que são só meus.

Na concha das luras escavadas no meu peito, esconde-se a ternura do meu corpo de mulher...que os teus olhos renovaram.

Os raios de sol com que se aquece, são a brilho da paixão que me acompanha nesta amena vereda de sentires.

As folhas viçosas desta avenca, tocam o meu rosto com aquela carícia doce e tão suave, como a polpa dos teus dedos.

E, nas covas, suavemente apercebidas, guardarei eternamente...o nosso olhar.

Maria Rosmaninho

Volare per ti - Andrea Bocelli e Sarah Brightman

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Gotas de Orvalho...



Pérolas de orvalho gotejando de uma alma sedenta de luz...

Folhas despidas de uma vida esvoaçante nas asas do vento...

Brincos pendentes de um sonho esfumado em noite de estrelas...

Raízes de vida estendidas na seiva transparente de um olhar penetrante...

Sonhos espelhados em gotas deslizantes na tua pele sedosa e morna...

Lágrimas cadentes no brilho de um olhar espelhado nas águas de um mar...sonhado!


Maria Rosmaninho

sábado, novembro 25, 2006

Homenagem a Rómulo de Carvalho




Impressão Digital


Os meus olhos são uns olhos,
e é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos,
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos, diz flores!
De tudo o mesmo se diz!
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Pelas ruas e estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente!

Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos!
Onde Sancho vê moinhos,
D.Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos!
Vê gigantes? São gigantes!

António Gedeão

terça-feira, novembro 21, 2006

Folhas vivas de Outono...





É na concha dos teus braços que aninho as folhas amarelecidas desta minha árvore enregelada… sentinela hirta dos meus medos.

As gotas do meu ser insatisfeito, crestadas pelo sol ardente dos meus dias, jazem, agora, neste chão endurecido.

Mas a seiva iluminada do teu ser, raiando sobre a torre dos meus sonhos, é o sémen de uma vida a descobrir.

E, na água transparente dos teus olhos… voltarei a viver um novo Estio.


Maria Rosmaninho

Ray Charles-What a Wonderful World

quarta-feira, novembro 01, 2006

Pergunto ao vento...



Pergunto ao vento que passa…

Mas o som da minha voz é, agora, um canto de sereia… enrouquecido pelo som agreste das águas do mar.

A minha voz, ansiosa dos cantos de orvalho, ergue-se por entre os ramos de uma árvore cansada.

Mas os ramos, amarelecidos pelo tempo, pendem sobre o lago do sonho... águas escurecidas pelo verdete do tempo.

Silenciosamente, inclino a minha cabeça… na tentativa vã de escutar essa sonata faíscante da luz que procuro.

A Lua ergue-se no seu castelo algodoado de nuvens e polvilha a minha alma com a poeira das estrelas

E, neste gélido anoitecer, sinto-me mergulhar na concha da ternura dos seus raios de esperança...

E o vento…nada me diz.


Maria Rosmaninho

Eva Cassidy-Somewhere over the rainbow

sábado, outubro 14, 2006

Cavalo à Solta


Cavalo dourado nas asas de um sonho surgido do vento…

Crinas esvoaçantes tocando a minha pele crestada pelo tempo…

Mãos de veludo e ternura sedenta do toque de um sonho nascido…

Olhos presos ao desejo de ser um ninho sedoso de plumas aquecidas ao sol…

Coração desnudado em fina rosácea palpitante de uma vontade louca de te tocar…

Eternamente.


Maria Rosmaninho

Mafalda Arnauth-Cavalo à Solta


segunda-feira, outubro 02, 2006

Sou



Barco de sonho e velas engalanadas vogando sobre as águas turvas de um passado… que foi hoje.

Alma inquieta e sedenta de luz arrancada às águas, espelhando um céu azul… de outrora.

Luz ofuscada de amarras e algas descoloridas pela chuva… manchada de dor.

Címbalos de imperfeição num mar imenso…de outros tempos.

Voz sumida da incompreensão e do desejo abafado.

Grito de raiva num eterno desejo...


de SER.

Maria Rosmaninho


Adamo-Tombe la Neige

quinta-feira, setembro 21, 2006

Renascerei...




Renascerei das cinzas de uma fogueira com achas feitas de marcas esculpidas a cinzel...

Erguerei as asas na noite de breu e voarei ao encontro do infinito de uma vida a descobrir...

Transportarei no dorso as crias de um sonho por viver que me acena lá ao longe, por entre sorrisos de loucura...

Estenderei para ti as minhas mãos e, na concha dos teus braços, aninharei a minha alma... já cansada de voar...

Ressurgirei das águas e planando sobre elas, levar-te-ei o meu coração envolto em tiras de papel de seda...

Partirei ao teu encontro e… na pele sedosa do teu rosto, espelharei para sempre o meu olhar.


Maria Rosmaninho



sexta-feira, setembro 01, 2006

Para ti que permaneces...




Na escuridão desta noite etérea que me abraça, sinto ainda o teu ser faíscante de vida.

Ergo para o céu o meu olhar, nesta busca inglória que me consome… na chama da eterna dor de te perder

As mãos e os olhos com que me mimavas são pedras gélidas de ausência que se entranham na minha carne adormecida…

E os braços que estendo para ti são, agora, ramos de uma árvore entristecida, ansiando pelo som da tua voz... que o vento teima em não soprar.

Mana

sábado, julho 29, 2006

Até logo...


-Quem sou eu?
-És o maninho.
-Quem sou eu?
-És o maninho.
- Quem sou eu?
- És o maninho padinho.
- Ah… assim sim e dá-me um beijinho.

Lembras-te das inúmeras vezes que me “chateavas” até eu te chamar maninho padinho?

Anda, maninho padinho, dá-me a tua mão e caminhemos por esses campos que nos viram crescer…

Quero que me faças aquele papagaio de papel colorido com que me fazias correr pela areia da praia brilhante dos teus olhos sempre sorridentes…

Quero que me faças aquele assobio com a palha verde do trigo e me ensines a chamar os rouxinóis…

Quero que me leves encarrapitada nos teus ombros e corras à volta do jardim a fazer "cavalicoque"…

Quero voltar aqueles dias em que passeávamos de barco… em que me ensinaste a remar … em que abanavas o barco até me fazeres gritar…

Quero voltar a caçar pardais contigo… quero que me voltes a ensinar a armar costelos e a escolher as espigas de milho para assar…

QUERO OLHAR-TE, maninho padinho… quero voltar a ver-te caricaturado a giz na porta da adega com a legenda que os teus filhos carinhosamente escreveram “O careca já não manda aqui.”

Quero voltar a ajudar-te e ouvir-te dizer “ Chiça que tu não percebes nada disto”.

Quero que me ensines tanta coisa… quero sentar-me ao teu lado e ver o rio correr…

Hoje vais dormir sozinho pela primeira vez, mas quero que saibas que permanecerás para sempre a sorrir dentro de mim.

Até logo, mano.

Gracita

segunda-feira, julho 17, 2006

Fascinação em tons de azul e ouro...


Pelas tardes silenciosas da minha vida, vou desabrochando em nuvens algodoadas que o sol poente acabará por dourar...


Maria Rosmaninho

segunda-feira, julho 10, 2006

E assim vou vagueando pelos caminhos telepáticos...



Lara Li – Telepatia

domingo, julho 09, 2006

Momentos...


No meu corpo açoitado pelas neves invernosas fervem, em torrentes de lava, momentos de um acaso solto nas asas douradas de um vento que o sol, lava incandescente do vulcão que me assola, crestou.

Do veludo da minha pele, jorram torrentes de calor que tocam os teus dedos sedosos…

Dos meus olhos, faíscantes de luz, evadem-se míriades de estrelas que vão pousar na tua boca ainda adormecida e se desfazem em turbilhões de vida…

Da concha das minhas mãos, quentes de te afagar, brota o pó do talco das rosas brancas que cultivo para te dar…


Da minha boca, sussurrante, desprendem-se as palavras não ditas do eterno desejo de te amar…

E da totalidade do meu ser emerge aquela doce loucura… de um imaginar dolente e terno em que o silêncio ocupa o teu lugar…

E é no sentir da seda da tua pele que continuo a construir o meu tear.


Maria Rosmaninho

sexta-feira, julho 07, 2006

Ballade pour toi...

Richard CLayderman, Ballade pour Adeline

Castpost

sexta-feira, junho 30, 2006

Azul do Mar


Sinto, no bafo quente destas ondas, o pulsar do meu ser insatisfeito.

Os cabelos das algas, dedos dessa hera coleante que me abraça, afagam a minha pele ainda nua.

A maresia, orvalho desse Éden líquido, flui e salpica os brancos castelos de algodão em que tento adormecer o meu sonho.

Agora, o céu é mais azul…

As ondas fustigam estas rochas carcomidas pelo tempo que foi colorindo a minha alma.

Sento-me a contemplar e vejo… o Azul do teu Mar!

Maria Rosmaninho
Whitney Houston-I Will Always Love You

sexta-feira, junho 23, 2006

Sonho de uma noite estrelada



Sob este céu cintilante de estrelas, enrolo o meu querer nas pontas desta manta suave e desmaiada pelo tempo.

Recordo as tuas mãos que, suavemente, tocavam a minha fronte, com a leveza das plumas douradas pelo sol de um qualquer dia de Verão…

Há em cada estrela que me ilumina, o brilho do teu olhar espelhado nas águas calmas de um mar de tranquilidade, por onde os sargaços coleantes nos abraçam.

E o doce aroma, que se exala destas flores prenhes de sensualidade, é o aroma destilado dos poros da nossa pele escaldante de sonho…


A seiva das amoras odoríferas jorra dos teus lábios que suavemente tocam os meus e os penetram em frémitos de prazer.

Agora… as estrelas cintilantes são pomos odoríferos que penetram este meu sonho de uma noite imaginada.


Maria Rosmaninho

Dina- Amor de Água Fresca


terça-feira, junho 20, 2006






Sem lágrimas...

Eric Clapton - Tears in HeavenCastpost

domingo, junho 18, 2006

Eu tenho uma rosa branca...


Fogo e água… é da sua conjugação que a vida renasce…

Pouco a pouco, o fogo acabou por reduzir a cinzas a minha alma sedenta pelo renascer, mas eis que surge em torrentes a água límpida e cristalina, jorrando em jactos de lucidez e clarividência.

Estas águas gélidas, que penetraram os poros do meu ser em torrentes de lama, penetram também o meu jardim secreto, onde já floriram rosas brancas que foram desabrochando lentamente…

Essas rosas desabrocharam… floriram.... viram as suas pétalas arrancadas pelos dedos de um vento que soprava de um planeta onde a ilusão se foi confundindo com a realidade.

A chuva voltou e com ela a aposta na renovação…

Os frágeis botões destas minhas rosas brancas começam agora a despontar, timidamente, mas com o vigor de um querer feito de espinhos acutilantes e da vontade de querer ir mais além…para um mundo esboçado por trás desta montanha de lava que se foi apagando.

E há em cada botão que desabrocha o desejo de voltar a ser rosa e mostrar ao mundo a semente de outrora que a escuridão do céu foi escondendo, ao longo dessa noite invernosa.

E há em cada nova pétala que surge a certeza de querer ser novamente rosa…branca.

Eu tenho uma rosa branca… rosa que um anjo me deu!


Maria Rosmaninho

quinta-feira, junho 15, 2006

Silêncios amarelos da flor do tojo


Se as palavras são como um cristal, os silêncios são como um punhal...

E é esse punhal que eu seguro, cintilante e mortal, no meio das noites longas e agrestes de solidão à beira de um castelo de sonhos, fragilmente, erigido numa colina feita de recordações de um passado tão próximo que quase alcanço com a ponta frágil dos meus dedos.

É na base desse castelo que eu contemplo as noites de outrora…húmidas da maresia de um mar selvagem, mas adocicadas pela força das palavras... jorrando pela fonte de um prazer que inundava todo o ser que habitava dentro de mim…

Noites mágicas…iluminadas pela luz clara de uma lua invernosa, mas cintilante num céu azul salpicado pelas estrelas de um contentamento tão doce como a seiva que brota do pólen das rosas brancas do jardim do Éden.

Agora, neste silêncio da noite sepulcral, recosto-me neste sofá ensurdecido e escuto a recordação de momentos de um prazer timidamente sentido… do toque silencioso da pele… das palavras levemente sussurradas… do silêncio atroz das palavras não ditas, presas na concha espiralada do desejo.

E essas rosas brancas dispostas num açafate de mimos, conservam ainda o toque das mãos que, delicadamente, as dispôs no meio de um silêncio cheio de vida… porque era o azul do céu plasmado no azul da água de um mar imenso.

Quero deixar este casulo amarelo da flor do tojo silvestre e refugiar-me no meio das pétalas brancas das rosas de outrora, para poder sentir o calor das palavras… mimos da tua perfeição…

Maria Rosmaninho
Wise up – Aimee MannCastpost

terça-feira, junho 13, 2006

O rio do meu tear


Caminho à beira do rio e sinto a água a cantar.

Enredo-me nas suas algas, sentindo o seu marulhar.

O rio chama por mim e... no meio dessas águas plácidas…começo a sonhar…

E é este sonho plasmado, que em noites frias de Inverno, toca as minhas mãos cansadas…da trama do meu tear.

Água…

Rio…

Sonho…

Vida…

Que vida há mais a sonhar?

Maria Rosmaninho

quinta-feira, junho 01, 2006

Eternamente criança...


Quero soltar a criança que há em mim... deixar que corra por esses prados floridos em busca do castelo encantado onde se esconde o brilho forte da vida... salpicada com o aroma das flores de mil cores...

Quero apertar a vida num arco feito de abraços e no meio dele gritar:

Quero ser eternamente criança!

Maria Rosmaninho


José Barata Moura-Fungágá da Bicharada

domingo, maio 21, 2006

Tronco esculpido de esperança


É contra a podridão das almas que me insurjo porque o ser, mesmo carcomido dos anos e das intempéries, mantém-se sempre firme bordejando qualquer caminho solitário.

O corpo, mesmo que a escuridão do caminho o tente cobrir com seu manto de sombras, continua erguido com as raízes mergulhadas no lago da esperança e tronco erecto em direcção ao além que o fascina.

Não há sol… chuva...vento…tempestade… que o impeça de alcançar esse Éden que procura por entre a infinidade das almas que respiram.

Maria Rosmaninho

domingo, maio 14, 2006

Grito ensurdecido


Dá-me a tua mão, meu amor!
Quero sentir o teu doce calor,
Dedilhar a tua pele macia,
Colar-me nela até ser dia…
Quero sentir o calor do teu olhar
E no seu brilho me enovelar…

Estendo para ti a minha mão
E só apalpo a eterna solidão.
Abraço em mim a fúria de viver,
Mas nada mais há para vencer.
Descanso agora o rosto entristecido,
Num colo que outrora foi teu abrigo.

E o som desta nova madrugada
É o som desta alma amargurada
Gritando em convulsões de dor
Num peito que já foi ninho de amor.

Maria Rosmaninho

quinta-feira, maio 11, 2006

Sinfonia de orvalho




Nesta nova manhã que aclara, sente-se o chilrear dos pássaros esvoaçantes, por entre tímidos raios de sol levemente orvalhados com o fresco aroma das flores primaveris.

Pelas frestas da portada entreaberta, esgueira-se uma luz tímida e morna que beija suavemente a minha pele desperta pelos teus lábios adocicados.

Sinto o calor do teu corpo que desperta para um novo dia, agora relaxado pelo sono reparador em que embalámos o prazer de uma noite de amor…

A suavidade do teu toque penetra-me, novamente, em arrepios de prazer confundidos na sinfonia do marulhar das tuas palavras que penetram, voluptuosamente, os meus ouvidos.

Tombo, delicadamente, a minha cabeça no teu peito palpitante e sinto os teus dedos vagueando por entre as madeixas do meu cabelo, enquanto os teus lábios exploram o meu pescoço sedoso. Pouco a pouco, penetramos por entre os lençóis de rosas cujo perfume resistiu ao calor da noite e… abraçamo-nos…

Este calor que nos aquece já não é o dos primeiros raios deste sol primaveril… é o calor de um vulcão perfumado com pétalas das rosas selvagens… polvilhadas com o pó do talco derramado pelo crivo dos nossos poros em brasa.

Maria Rosmaninho

domingo, maio 07, 2006

Quero o teu mimo...



Mãe…onde estás que já não sinto o teu olhar?

Para onde te levaram as sombras que sempre nos perseguiram?

No silêncio da noite ergo a cabeça e tento escutar-te… chamo por ti e tu não me respondes, mãe! Deslizo as minhas mãos pelos lençóis e sinto a tua presença, mas não te ouço… não te vejo…

Mãe…mãe… anda para junto de mim. Senta-te ao meu lado e toca-me nos cabelos de que tanto gostavas. Deixa-me ouvir a tua voz melodiosa de quando me perguntavas:
-- Gracinha… está tudo bem, minha filha?

Mãe… chamo tantas vezes por ti… peço-te que me ajudes a ser feliz, mas tu não me escutas.

Quando regresso da escola, olho para o banco onde estavas sentada a sorrir para mim… o banco está agora carcomido… as lascas da tinta esvoaçam ao vento… o pó entranhou-se nas fissuras da minha alma.

Onde estás, mãe? O sol já aqueceu e espera por ti nesse banco onde se sentaram todos os que amei e já partiram.

Sabes… o teu quarto está fechado desde o dia que partiste para a tua longa viagem e a janela continua semi-aberta para que possas olhar o quintal que floresce.

Junto à tua janela floresce agora o alecrim com que decoravas o meu ramo de Páscoa… lembras-te, mãe? Tem ramos lindos para decorares a cruz dos teus meninos em Domingo de Ramos e o aroma que dele se exala lembra-me o cheiro do rosto com que me beijavas.

Mãe porque me deixaste assim só? Porque não me levaste contigo para ver o meu pai? Tenho saudades da voz dele… diz-lhe que quando for para junto de vós quero ficar bem aconchegada no vosso colo com o boneco que me ofereceste quando o pai partiu… quero sentir os vossos beijos e o mimo das vossas mãos.

Mãe… estende a tua manta por cima de mim e deixa-me voltar aos dias em que brincava debaixo do limoeiro a fazer quintalinhos dos junquilhos que cuidavas para mim.

Mãe… fica junto de mim até à hora da minha partida.

Amo-te minha MÃE!

Maria Rosmaninho



sexta-feira, maio 05, 2006

Caminhando ao acaso



Apetece-me caminhar por esses caminhos ásperos bordejados de flores, com os ramos a bater no rosto e os raios do sol a penetrarem a minha alma que contempla essas bolas de algodão carinhosamente coladas a sua mãe…

A água escorre por mim dentro e penetra nesses cantinhos bem recônditos … banha-me com a luz fraca do Sol que em breve dará lugar à da Lua…

O pó do talco destes caminhos perfumados em tons de verde e ocre, penetra nas rugas que espelham um tempo passado e desejado… um tempo que eu quero voltar a viver com as cambiantes de um arco-íris cintilante num céu azul espelhado neste lago agora opaco.

Penetro no âmago desta floresta de sombras leve
mente rasgadas por um ou outro raio de sol que fere, dolorosamente, as folhas das árvores centenárias, em gemidos de dor que anseiam por cânticos de vida.

O caminho é agora mais íngreme… a árvore que jaz inerte no chão… qual guerreiro derrotado numa batalha sangrenta, aponta um caminho bordejado de luz que conduz à porta cintilante do um mistério a desvendar.

Maria Rosmaninho

quinta-feira, maio 04, 2006

Impressões do Crepúsculo



Sou um lago deserto onde bóiam farrapos de folhas desprendidas das árvores verdejantes de outrora.

Águas paradas espelhando, numa verticalidade negra, nesgas de um céu azul que teima em rasgar esse lago…outrora esfuziante de vida e cor.

E o verde que teima em cobrir as pedras enegrecidas pelo tempo é o som de um novo dia que brotará para a vida, como hastes floridas em tons feitos de luz.

Maria Rosmaninho

domingo, abril 30, 2006

Com espinhos...Sem espinhos...

No meu jardim também há cactos… uns com espinhos ameaçadores que se entranham na pele dos incautos ansiosos por conhecerem os seus mistérios… outros carnudos e sedosos que convidam a olhar e tocar.

Os cactos espinhosos espreitam-me em cada esquina como a maçã envenenada de qualquer bruxa madrasta… toco-os suavemente e sinto a dor entranhar-se na minha pela desprotegida e audaz.

Naquela esquina… bem mais inacessível, há um cacto verdinho e macio que me observa com o seu tímido olhar feito de pétalas arredondadas e carnudas.

Toco…? Não toco…?

Há em cada pétala um apelo ao toque doce e suave de uma pele feita de veludo enriquecido pelo tempo… há na sua forma enovelante o apelo ao aconchego suave e tranquilizante.

Tenho medo… a minha pele, afeita aos espinhos que injectam o veneno que tem crescido comigo, teme este toque aveludado e sedoso que estremece o meu ser em frémitos de prazer e… medo.

Suavemente, estendo os meus ded
os sedentos para estas pétalas enoveladas em espirais de veludo e prazer… olho o seu centro como uma cratera de vulcão e espero…que me dês a tua mão.
Maria Rosmaninho

sexta-feira, abril 28, 2006

Flores em tons de dolência

À semelhança do que tem acontecido em anos anteriores, eis-nos chegados a um Verão antecipado em que os momentos de lazer são transportados para uma qualquer poltrona, num sítio bem fresquinho e com uma música bem refrescante.

Nada de interessante tem saído das teclas deste computador, pelos factores que acabei de referir a que acresce o entusiasmo pela flora luxuriante que desponta no meu jardim e me leva a passar horas de máquina fotográfica em punho a tentar captar todos os cambiantes das novas flores.
São as formas, subtilmente desenhadas em espirais de cor, que se desprendem de cada botão, em aromas inebriantes e estonteantes… é o reflexo do sol que as ilumina numa aura de divindade… sou eu, de máquina em “riste”, numa enorme frustração pela minha pouca apetência para a arte e por não conseguir captar todas as sensações que se desprendem de cada flor.


Assim, não posso deixar hoje duas ou três palavras brotadas num momento de maior inspiração, mas vou deixar-vos com algumas jóias da coroa do meu jardim à beira-rio plantado… apesar das carracinhas que me fazem estar aqui num estado febril.

Espero voltar com alguma inspiração, para que os meus simpáticos visitantes tenham algo a comentar.


Maria Rosmaninho



terça-feira, abril 25, 2006

Falta cumprir-se Abril!


Gostaria de escrever um texto poético acerca do dia que hoje se comemora e que vivi com a exaltação de adolescente cheia de curiosidade e vontade, mas parece que a minha relativa facilidade em escrever se esgotou por causa da derrota da minha Briosa.
Como eu gostava de poder sentir que o espírito de Abril, que há algumas décadas atrás guiou os nossos militares, permanecia ainda como um valor a preservar e não como um instrumento de oportunismo torpe!

Se não fosse o respeito que tenho por todos aqueles que sofreram e lutaram pela liberdade, deixaria cair neste retalho grandes manchas feitas de cobardia, prepotência, indigência... mas quero ficar por aqui para não deixar transparecer demasiado a minha frustração de hoje.
Liberdade tem que ser sempre sinónimo de respeito, mas o que nos é dado observar a cada momento é a negação disso mesmo... é a corrupção... é o oportunismo... é a selva cuja lei não é a da força, mas a do desrespeito e hipocrisia.
Através das palavras de Manuel Alegre, quero aqui prestar a minha singela homenagem a todos os indómitos que lutaram para que a liberdade acontecesse, apesar da forma como continua a ser vilipendiada.


Abril de Sim Abril de Não

Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
vi o Abril que foi e Abril de agora
eu vi Abril em festa e Abril lamento
Abril como quem ri como quem chora.

Eu vi chorar Abril e Abril partir
vi o Abril de sim e Abril de não
Abril que já não é Abril por vir
e como tudo o mais contradição.

Vi o Abril que ganha e Abril que perde
Abril que foi Abril e o que não foi
eu vi Abril de ser e de não ser.

Abril de Abril vestido (Abril tão verde)
Abril de Abril despido (Abril que dói)
Abril já feito. E ainda por fazer.

Manuel Alegre

http://paginas.terra.com.br/informatica/tpb/Utilitarios/util.htm n deixar copiar textos