É a hora!
“É a Hora!”. Foi desta forma que Fernando Pessoa terminou a sua obra Mensagem, hino de revolta e esperança num Portugal melhor.
Para tudo na vida existe um fim…muitas vezes é um fim que se antepõe a outros e, tal como Pessoa, também acredito ser a hora de interromper e não terminar este meu hino de revolta e esperança numa mediania dourada, que acredito existir algures por entre o firmamento que nos cobre, a cada segundo das nossas vidas.
Num dos primeiros textos desta minha Manta de Retalhos, contei-vos que no meu jardim havia rosas… mas também muitos cactos espinhosos que feriam a minha pele ainda tenra e viçosa do orvalho que tombava nesse meu jardim encantado. Por vezes, tenho dificuldade em afastar essas rosas que, teimosamente, se debruçam por entre esses cactos espinhosos e agrestes tão belos e sedutores como cogumelos venenosos num qualquer jardim de encantos.
Nesta pequena Manta de Retalhos fui cerzindo, fibra a fibra, pétalas de rosa que fui cuidando para todos aqueles que amava. Uni-as uma a uma, reguei-as, adubei-as e fui aspergindo os tenros rebentos que delas brotavam e que o Sol benfazejo e castigador foi mirrando, uma a uma, até que tombassem no chão, crestado pelos rigores estivais, que o vento forte ía soprando para além dos meus olhos mas, jamais, do meu coração.
Cada um destes retalhos permanecerá, aqui, como um tributo a cada uma das pessoas a quem era dirigido. De entre essas pessoas, duas permanecerão para a eternidade pois são fibras da minha carne, gotas do meu sangue que repousam nesse além tão negro como a noite que tomba, por vezes, neste meu jardim encantado.
Para os amigos e desconhecidos, que me visitaram e deixaram as suas palavras doces e reconfortantes, deixo pequenas pétalas do rosmaninho selvagem e aromático com que adorno o espaço onde recebo as visitas.
No estéril terreno que, teimosamente, quis ajardinar, nascerão novos retalhos… só meus, até que ousadia de os publicar se sobreponha à vontade de os guardar num recanto…que só eu sei amar.
Até logo…!
Maria Rosmaninho