Retalhos de uma Manta Inacabada

Sou uma manta, cuidadosamente, tecida com os mais puros retalhos de seda selvagem e burel, cujas cores o tempo se encarregou de avivar ou desmaiar. Nela vão resistindo pequenos retalhos do bibe de xadrez com que brincava no jardim encantado do sonho. Num dos lados, repousam enormes retalhos de todos aqueles que já partiram, mas que conservarei para sempre no meu coração. No outro lado, estão todos aqueles que ainda posso tocar e amar.

Nome:
Localização: Aveiro, Portugal

Eternamente crisálida...

domingo, outubro 07, 2007

É a hora!



“É a Hora!”. Foi desta forma que Fernando Pessoa terminou a sua obra Mensagem, hino de revolta e esperança num Portugal melhor.

Para tudo na vida existe um fim…muitas vezes é um fim que se antepõe a outros e, tal como Pessoa, também acredito ser a hora de interromper e não terminar este meu hino de revolta e esperança numa mediania dourada, que acredito existir algures por entre o firmamento que nos cobre, a cada segundo das nossas vidas.

Num dos primeiros textos desta minha Manta de Retalhos, contei-vos que no meu jardim havia rosas… mas também muitos cactos espinhosos que feriam a minha pele ainda tenra e viçosa do orvalho que tombava nesse meu jardim encantado. Por vezes, tenho dificuldade em afastar essas rosas que, teimosamente, se debruçam por entre esses cactos espinhosos e agrestes tão belos e sedutores como cogumelos venenosos num qualquer jardim de encantos.

Nesta pequena Manta de Retalhos fui cerzindo, fibra a fibra, pétalas de rosa que fui cuidando para todos aqueles que amava. Uni-as uma a uma, reguei-as, adubei-as e fui aspergindo os tenros rebentos que delas brotavam e que o Sol benfazejo e castigador foi mirrando, uma a uma, até que tombassem no chão, crestado pelos rigores estivais, que o vento forte ía soprando para além dos meus olhos mas, jamais, do meu coração.

Cada um destes retalhos permanecerá, aqui, como um tributo a cada uma das pessoas a quem era dirigido. De entre essas pessoas, duas permanecerão para a eternidade pois são fibras da minha carne, gotas do meu sangue que repousam nesse além tão negro como a noite que tomba, por vezes, neste meu jardim encantado.

Para os amigos e desconhecidos, que me visitaram e deixaram as suas palavras doces e reconfortantes, deixo pequenas pétalas do rosmaninho selvagem e aromático com que adorno o espaço onde recebo as visitas.

No estéril terreno que, teimosamente, quis ajardinar, nascerão novos retalhos… só meus, até que ousadia de os publicar se sobreponha à vontade de os guardar num recanto…que só eu sei amar.

Até logo…!

Maria Rosmaninho

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Maria Rosmaninho
É com muita mágoa que a vejo partir. Ler os seus textos era sempre uma benção.
Tudo de bom para si e volte depressa.

09 outubro, 2007 15:01  
Anonymous Anónimo said...

Minha doce amiga não estejas muito tempo ausente,pois a tua inspiração é uma benção constante,mesmo nas lágrimas com que à vida sorris.
Obrigado pelo rosmaninho doce.
Beijinho grande.
Até já.
Maria

17 outubro, 2007 18:19  
Blogger António said...

Olá, minha querida!
Queres dar um saltinho ao meu blog
http://eusoulouco2.blogs.sapo.pt?
Obrigado!

Beijinhos

08 setembro, 2008 14:41  
Blogger APC said...

É bom ler-te...
Beijo-te

15 dezembro, 2008 21:12  

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