
Se as palavras são como um cristal, os silêncios são como um punhal...
E é esse punhal que eu seguro, cintilante e mortal, no meio das noites longas e agrestes de solidão à beira de um castelo de sonhos, fragilmente, erigido numa colina feita de recordações de um passado tão próximo que quase alcanço com a ponta frágil dos meus dedos.
É na base desse castelo que eu contemplo as noites de outrora…húmidas da maresia de um mar selvagem, mas adocicadas pela força das palavras... jorrando pela fonte de um prazer que inundava todo o ser que habitava dentro de mim…
Noites mágicas…iluminadas pela luz clara de uma lua invernosa, mas cintilante num céu azul salpicado pelas estrelas de um contentamento tão doce como a seiva que brota do pólen das rosas brancas do jardim do Éden.
Agora, neste silêncio da noite sepulcral, recosto-me neste sofá ensurdecido e escuto a recordação de momentos de um prazer timidamente sentido… do toque silencioso da pele… das palavras levemente sussurradas… do silêncio atroz das palavras não ditas, presas na concha espiralada do desejo.
E essas rosas brancas dispostas num açafate de mimos, conservam ainda o toque das mãos que, delicadamente, as dispôs no meio de um silêncio cheio de vida… porque era o azul do céu plasmado no azul da água de um mar imenso.
Quero deixar este casulo amarelo da flor do tojo silvestre e refugiar-me no meio das pétalas brancas das rosas de outrora, para poder sentir o calor das palavras… mimos da tua perfeição…
Maria Rosmaninho
Wise up – Aimee MannCastpost