Até logo...

-Quem sou eu?
-És o maninho.
-Quem sou eu?
-És o maninho.
- Quem sou eu?
- És o maninho padinho.
- Ah… assim sim e dá-me um beijinho.
Lembras-te das inúmeras vezes que me “chateavas” até eu te chamar maninho padinho?
Anda, maninho padinho, dá-me a tua mão e caminhemos por esses campos que nos viram crescer…
Quero que me faças aquele papagaio de papel colorido com que me fazias correr pela areia da praia brilhante dos teus olhos sempre sorridentes…
Quero que me faças aquele assobio com a palha verde do trigo e me ensines a chamar os rouxinóis…
Quero que me leves encarrapitada nos teus ombros e corras à volta do jardim a fazer "cavalicoque"…
Quero voltar aqueles dias em que passeávamos de barco… em que me ensinaste a remar … em que abanavas o barco até me fazeres gritar…
Quero voltar a caçar pardais contigo… quero que me voltes a ensinar a armar costelos e a escolher as espigas de milho para assar…
QUERO OLHAR-TE, maninho padinho… quero voltar a ver-te caricaturado a giz na porta da adega com a legenda que os teus filhos carinhosamente escreveram “O careca já não manda aqui.”
Quero voltar a ajudar-te e ouvir-te dizer “ Chiça que tu não percebes nada disto”.
Quero que me ensines tanta coisa… quero sentar-me ao teu lado e ver o rio correr…
Hoje vais dormir sozinho pela primeira vez, mas quero que saibas que permanecerás para sempre a sorrir dentro de mim.
Até logo, mano.
Gracita