Retalhos de uma Manta Inacabada

Sou uma manta, cuidadosamente, tecida com os mais puros retalhos de seda selvagem e burel, cujas cores o tempo se encarregou de avivar ou desmaiar. Nela vão resistindo pequenos retalhos do bibe de xadrez com que brincava no jardim encantado do sonho. Num dos lados, repousam enormes retalhos de todos aqueles que já partiram, mas que conservarei para sempre no meu coração. No outro lado, estão todos aqueles que ainda posso tocar e amar.

Nome:
Localização: Aveiro, Portugal

Eternamente crisálida...

sábado, novembro 25, 2006

Homenagem a Rómulo de Carvalho




Impressão Digital


Os meus olhos são uns olhos,
e é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos,
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos, diz flores!
De tudo o mesmo se diz!
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Pelas ruas e estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente!

Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos!
Onde Sancho vê moinhos,
D.Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos!
Vê gigantes? São gigantes!

António Gedeão

terça-feira, novembro 21, 2006

Folhas vivas de Outono...





É na concha dos teus braços que aninho as folhas amarelecidas desta minha árvore enregelada… sentinela hirta dos meus medos.

As gotas do meu ser insatisfeito, crestadas pelo sol ardente dos meus dias, jazem, agora, neste chão endurecido.

Mas a seiva iluminada do teu ser, raiando sobre a torre dos meus sonhos, é o sémen de uma vida a descobrir.

E, na água transparente dos teus olhos… voltarei a viver um novo Estio.


Maria Rosmaninho

Ray Charles-What a Wonderful World

quarta-feira, novembro 01, 2006

Pergunto ao vento...



Pergunto ao vento que passa…

Mas o som da minha voz é, agora, um canto de sereia… enrouquecido pelo som agreste das águas do mar.

A minha voz, ansiosa dos cantos de orvalho, ergue-se por entre os ramos de uma árvore cansada.

Mas os ramos, amarelecidos pelo tempo, pendem sobre o lago do sonho... águas escurecidas pelo verdete do tempo.

Silenciosamente, inclino a minha cabeça… na tentativa vã de escutar essa sonata faíscante da luz que procuro.

A Lua ergue-se no seu castelo algodoado de nuvens e polvilha a minha alma com a poeira das estrelas

E, neste gélido anoitecer, sinto-me mergulhar na concha da ternura dos seus raios de esperança...

E o vento…nada me diz.


Maria Rosmaninho

Eva Cassidy-Somewhere over the rainbow

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